Medicamentos que podem afetar a visão: sintomas e como evitá-los

O uso de medicamentos faz parte do dia a dia de muitas pessoas, seja para tratar doenças crónicas, infeções ou alergias. No entanto, poucos sabem que alguns medicamentos podem impactar a saúde visual, causando efeitos secundários como visão turva, secura ocular ou sensibilidade à luz.
Embora estes efeitos sejam geralmente temporários, podem tornar-se permanentes se não forem tomadas as devidas precauções. Identifique os medicamentos que podem influenciar a visão e aprenda a prevenir complicações para proteger a saúde ocular.
Neste artigo, serão explorados os principais medicamentos que podem afetar a visão, os efeitos mais comuns e como minimizar os riscos, especialmente para utilizadores de lentes de contacto.
Medicamentos comuns que podem afetar a visão
Alguns medicamentos podem influenciar a saúde ocular, seja devido à sua composição química ou ao modo como afetam a circulação e a hidratação dos olhos. De seguida, serão analisados os principais medicamentos que podem causar efeitos secundários na visão.
Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos, utilizados no tratamento de alergias, podem provocar secura ocular e dificuldade de focagem. Este efeito resulta da redução na produção de lágrimas, causando desconforto, especialmente em pessoas com olhos sensíveis.
- Exemplos: Loratadina, cetirizina e difenidramina.
- Possível efeito: Sensação de secura e visão turva temporária.
- Recomendação: Utilizar lágrimas artificiais para manter a hidratação ocular.
Anti-depressivos
Certos anti-depressivos podem interferir na produção de lágrima e comprometer a capacidade de focagem visual. Além disso, podem provocar fotofobia (sensibilidade à luz).

- Exemplos: Fluoxetina, sertralina e amitriptilina.
- Possível efeito: Secura ocular e dificuldade em ajustar a visão a diferentes distâncias.
- Recomendação: Evitar exposição prolongada a ecrãs e consultar um médico em caso de desconforto visual.
Antibióticos
Alguns antibióticos podem causar visão turva ou alterações na perceção de cores, embora estes efeitos geralmente desapareçam ao terminar o tratamento.
- Exemplos: Tetraciclinas, eritromicina e quinolonas.
- Possível efeito: Alterações temporárias na visão e aumento da sensibilidade à luz.
- Recomendação: Utilizar óculos de sol no exterior para proteger os olhos da fotofobia.
Cortisona e outros corticosteroides
O uso prolongado de cortisona e outros corticosteroides pode ter efeitos adversos na visão, principalmente em tratamentos de longa duração.
- Exemplos: Prednisona, dexametasona e hidrocortisona.
- Possível efeito: Aumento do risco de glaucoma, cataratas e visão turva.
- Recomendação: Realizar exames oftalmológicos regulares se estiver em tratamento prolongado com corticoides.
Medicamentos para a hipertensão
Os medicamentos antihipertensivos podem afetar a circulação sanguínea ocular, causando visão turva ou manchas no campo visual.
- Exemplos: Betabloqueadores e diuréticos.
- Possível efeito: Secura ocular e visão flutuante.
- Recomendação: Efetuar exames oftalmológicos regulares para monitorizar possíveis alterações.
Pílula contracetiva
Os contracetivos hormonais podem alterar a hidratação ocular e aumentar o risco de secura ocular, especialmente em utilizadoras de lentes de contacto.
- Exemplos: Contracetivos combinados com estrogénios e progestagénios.
- Possível efeito: Secura ocular, desconforto ao usar lentes de contacto e alterações na visão.
- Recomendação: Consultar um especialista se surgirem irritações ou desconforto visual.
Medicamentos para a disfunção erétil
Alguns medicamentos utilizados no tratamento da disfunção erétil podem afetar a perceção de cores e causar visão turva temporária.
- Exemplos: Sildenafilo, tadalafilo e vardenafilo.
- Possível efeito: Dificuldade em diferenciar as cores azul e verde, além de visão turva transitória.
- Recomendação: Evitar doses elevadas e consultar um especialista em caso de alterações visuais.
O impacto destes medicamentos na visão varia consoante a pessoa e a dose utilizada.
Efeitos secundários oculares mais frequentes
O impacto dos medicamentos na saúde visual varia consoante o tipo de fármaco e a sensibilidade de cada pessoa. Alguns efeitos podem ser leves e temporários, enquanto outros exigem atenção médica. Veja, a seguir, os mais comuns e como identificá-los:
1. Secura ocular
Muitos medicamentos, especialmente anti-histamínicos, anti-depressivos, contracetivos e corticoides, podem reduzir a produção de lágrima, causando olhos secos e irritação
- Sintomas: Sensação de areia nos olhos, comichão, vermelhidão e fadiga visual.
- Prevenção: Usar lágrimas artificiais e evitar ambientes com ar condicionado ou aquecimento intenso.
2. Visão turva
Certos medicamentos afetam a capacidade do olho de focar corretamente, causando visão turva intermitente ou constante. Este efeito é comum em fármacos para hipertensão, antibióticos e corticoides.
- Sintomas: Dificuldade para ler ou ver detalhes nítidos a diferentes distâncias.
- Prevenção: Ajustar o brilho dos ecrãs e consultar o médico se a visão turva persistir.
3. Sensibilidade à luz (fotofobia)
Alguns fármacos, como antibióticos, anti-depressivos e medicamentos para disfunção erétil, podem aumentar a sensibilidade à luz, dificultando a exposição ao sol ou a ecrãs brilhantes.
- Sintomas: Desconforto com luz intensa, necessidade de semicerrar os olhos.
- Prevenção: Usar óculos de sol com filtro UV e evitar luzes artificiais intensas.
4. Alterações na perceção das cores
Certos medicamentos podem interferir na forma como o olho distingue as cores, especialmente os tons azul e verde. Este efeito é mais comum com fármacos para disfunção erétil e alguns antibióticos.
- Sintomas: Mudanças na perceção das cores, dificuldade em diferenciar tons específicos.
- Prevenção: Reduzir a dose apenas com indicação médica, caso o problema persista.
5. Aumento do risco de glaucoma ou cataratas
O uso prolongado de cortisona e outros corticoides pode aumentar a pressão ocular e acelerar o aparecimento de glaucoma ou cataratas, prejudicando a visão a longo prazo.
- Sintomas: Perda gradual da visão periférica (glaucoma) ou visão opaca e nublada (cataratas).
- Prevenção: Realizar controlos oftalmológicos regulares em pacientes que utilizam corticoides a longo prazo.
Nem todas as pessoas experienciam estes efeitos, mas é essencial estar atento a qualquer alteração visual e consultar um especialista caso surjam sintomas persistentes.
Quando deve preocupar-se com os efeitos na visão?
Nem todos os medicamentos afetam a visão da mesma forma, e na maioria dos casos, os sintomas desaparecem após o término do tratamento. No entanto, fique atento aos sinais que não devem ser ignorados:
- Caso a visão turva persista durante vários dias de uso ou mesmo após suspender o medicamento.
- Se notar perda de visão periférica ou dificuldade em distinguir cores, especialmente ao utilizar corticoides ou medicamentos para disfunção erétil.
- Se sentir dor ocular ou sensação de peso nos olhos, pois alguns medicamentos podem desencadear problemas como o glaucoma.
Como evitar desconfortos ao usar lentes de contacto e tomar medicação
Caso estejas a tomar medicamentos que podem afetar a visão ou a hidratação ocular, ajusta a tua rotina para manter o conforto e a segurança no uso de lentes de contacto. Segue estas recomendações:
- Opte por lentes de contacto com alta hidratação: Caso experiencie secura ocular devido a anti-histamínicos, contracetivos ou medicamentos para hipertensão, escolha lentes de silicone hidrogel, que permitem maior oxigenação.
- Utilize lágrimas artificiais compatíveis com lentes de contacto: Mantenha os olhos hidratados com gotas oftálmicas sem conservantes para evitar irritações.
- Ajuste o tempo de uso: Se sentir desconforto, reduza o tempo de utilização das lentes e permita que os olhos descansem, alternando com óculos em alguns dias.
- Mantenha uma higiene rigorosa: Medicamentos como corticoides podem aumentar o risco de infeções oculares, sendo fundamental limpar e desinfetar as lentes de contacto adequadamente.
- Consulte um especialista caso note alterações na visão: Visão turva, irritação persistente ou sensibilidade à luz podem indicar a necessidade de um tipo diferente de lente de contacto ou de um ajuste no tratamento.
Ver também: Lágrima e Gotas para utilizar com Lentes de Contacto
Tomar medicação não significa que deva parar de usar lentes de contacto, mas requer atenção à saúde ocular e a adaptação de alguns hábitos para garantir uma experiência confortável e segura.